Fotos de Marcelo Lelis e Matheus Otterloo
A força da cultura e a união das lutas e bandeiras dos movimentos sociais da Amazônia encheram de cor e movimento as ruas do centro histórico de Belém do Pará, no Dia de Mobilização e Ação Global do Fórum Social Mundial (FSM). O cortejo político-cultural embalou mais de seis mil pessoas e foi uma pequena mostra da diversidade e pluralidade de debates e vozes que esperam pelo FSM, esse grande processo de mobilização mundial que desembarca na capital paraense em janeiro de 2009.
O tempo chuvoso, bem característico da região nessa época do ano, não conseguiu aplacar as altas temperaturas amazônicas, muito menos o calor humano que surgiu da união dos diversos grupos, entidades, movimentos, redes e grupos culturais de vários cantos do Pará que marcharam juntos para mostrar que Belém deu a largada e se prepara para receber o FSM 2009. O chamado para a grande marcha também foi atendido por centenas de cidadãos paraenses que não integram nenhuma entidade da sociedade civil organizada, mas que decidiram se unir ao cortejo por acreditar que um outro mundo é possível e necessário.
Para Aldalice Otterloo, membro da coordenação da Abong (Associação Brasileira de Ongs) e do Grupo Local de coordenação do FSM 2009, a manifestação popular em Belém conseguiu mostrar para a própria região, para o Brasil e para o mundo, que as bandeiras de lutas locais evidenciadas no cortejo são, na verdade, as lutas travadas no mundo inteiro. “Temas como o racismo, o direito das mulheres, das crianças, a preservação ambiental e os pedidos de paz, são anseios de todos os povos ao redor do mundo”, avaliou.
Observação semelhante foi levantada por Salete Camba, do Instituto Paulo Freire, entidade integrante do Conselho Internacional do FSM, sediada em São Paulo. De passagem por Belém, para participar do cortejo da cidade que sediará o fórum em 2009, Salete ficou impressionada com a manifestação que os amazônidas levaram às ruas. Salete comentou que além da beleza das manifestações culturais presentes na marcha, ficou evidente a sintonia entre os temas trabalhados em Belém com as grandes temáticas mundiais do fórum. “Quem é de fora de Belém e participou do cortejo vivenciou também a força do sentimento de acolhida e o cuidado da população local com as pessoas que fazem parte do Fórum Social Mundial”, disse Salete.
O cortejo encerrou uma semana inteira de mobilização. Foram cinco dias e mais de 40 atividades, entre seminários, mostras de vídeos, plenárias, oficinas, palestras e diversas outras manifestações que envolveram dezenas de entidades do movimento social, vários municípios e as populações locais, como um sinal de que Belém e a região estão firmes no propósito de construir junto com pessoas de todo mundo, a primeira edição do FSM na Amazônia.
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